Como revelou o Metrópoles em maio deste ano, Cristalina (GO) tem visto o garimpo de minerais disparar ao longo dos últimos meses. E não é apenas a garimpagem ilegal que vem aumentando: os pedidos de autorização para exploração do solo goiano também têm se multiplicado junto às autoridades competentes.
Em 2024, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu 47 pedidos referentes à exploração do solo em Cristalina, sendo 46 para pesquisa e um para cessão parcial de terras. Já em 2023, foram feitas apenas 11 solicitações: cinco de cessão parcial, cinco de pesquisa e um de licenciamento.
O número representa um aumento de 327% de um ano para outro. Ressalta-se ainda que são dados oficiais, podendo haver sub-notificação devido a alta do garimpo ilegal — no início de
maio, mais de 70 pessoas foram presas atuando clandestinamente.
O “boom” ocorrido em 2024 é ainda mais evidente quando se analisa os números de anos anteriores. Em 2021, por exemplo, foram registrados 10 pedidos; em 2020, quatro; em 2018, nove; e em 2017, 12.
MINÉRIO DE OURO
Focando em 2024, ano em que os números começaram a aumentar, nota-se uma variedade de interessados em explorar o solo em Cristalina. Os 47 pedidos foram feitos por 11 responsáveis diferentes, sendo 10 empresas e uma pessoa física.
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O maior interesse seria na pesquisa do minério de ouro, segundo o cadastro mineiro da ANM. São 30 demandas referentes a esse mineral. Há também 11 pedidos para exploração de areia e oito para quartzo e quartzito, além de requerimentos para busca de argila, granito, ouro, granito, cascalho, grafite e manganês. Cada solicitante pode analisar mais de um material e em mais de um município.
Uma das empresas que solicitaram autorização para explorar o solo de Cristalina é a multinacional sul-africana AngloGold Ashanti Córrego do Sítio Mineração S.A. A companhia, que fez 13 pedidos em 2024, tem filiais em 10 países nas Américas, África e Oceania e, recentemente, anunciou que o então presidente na América Latina, Marcelo Pereira, vai comandar todas as operações globais.
Outra empresa é a Kinross Brasil Mineração S.A. Atuante no Brasil desde 2005, a Kinross Brasil integra o grupo canadense Kinross Gold Corporation. Em 2024, a empresa fez 16 solicitações para exploração de ouro e minério de ouro em Cristalina.
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O grupo já foi alvo do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que chegou a pedir, em 2022, indenização de R$ 50 milhões por dano moral coletivo devido à empresa ter depositado rejeitos na barragem Eustáquio, em Paracatu (MG), distante 105 quilômetros de Cristalina.
De acordo com o MPMG, a prática deixou a população mineira em pânico e causou danos morais coletivos após, em maio de 2021, as sirenes de rompimento da barragem Eustáquio dispararem. O espaço tem mais de 300 milhões de metros cúbicos e é maior que as barragens rompidas nas cidades mineiras Mariana e Brumadinho.
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Mais sobre os números
Das 10 empresas que fizeram solicitações em 2024, sete não são de Cristalina.
As organizações de fora de Cristalina são dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia.
Ao pedirem autorização, todas afirmaram à ANM que farão uso industrial dos materiais extraídos, exceto a Santa Heloísa Empreendimentos LTDA, que tem interesse em usar o quartzito para revestimento.
Todos os requerimentos constam como ativos no site da ANM.
Ao todo, a Agência Nacional de Mineração tem 306 processos ativos. O mais antigo é de 1969.
COM INFORMAÇÕES DO METRÓPOLES
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